O tipo de amor em que as pessoas demonstram mais interesse é sem dúvida o amor romântico. Quase toda a gente espera ter a sorte de encontrar a sua alma gêmea ou um bom companheiro para a vida e depois viverem felizes para sempre. Amar alguém verdadeiramente e ser verdadeiramente amado por essa pessoa é um dos sonhos mais populares. No entanto, o querer amar e ser amado desta forma vem geralmente acompanhado de impurezas como a ilusão e o desejo sensual. Por conseguinte, é vital adquirir maestria em não sofrermos excessivamente quando amamos ou somos amados.
Os poetas têm tendência para elogiar o amor como a experiência suprema da vida. Por outro lado, alguns cientistas, veem o amor meramente como o resultado de reações químicas no cérebro, que se desenvolveram para auxiliar a reprodução da espécie. Qual deles está correto? Qual deles vem primeiro, a galinha ou o ovo, o cérebro ou a mente? Este tipo de discussão já existe há muito tempo, e nunca tem fim. Uma questão mais interessante é a de como nos devemos comportar em relação ao amor para dele tirarmos o maior benefício. A procura das respostas para estas questões começa com o observar da nossa própria vida, da vida daqueles à nossa volta e da vida da população em geral.
Qual é a atração do amor? No início, é um eficiente antídoto contra o tédio daqueles que acham a vida dura, sem interesse, repleta de monotonia, vazia, ou dos que se sentem perdidos sem qualquer razão para viver. O amor pode trazer excitação e significado à vida. Estar apaixonado é intoxicante, uma agitação recebida de bom grado. Os poderosos altos e baixos emocionais - como que frequentemente caindo nas profundezas do inferno e levantando-se de seguida de volta aos céus fazem com que os amantes se sintam vivos e revigorados.
O amor tem muitas outras seduções. Para casais que vivem juntos, para além da possibilidade de satisfazerem as suas necessidades sexuais, existe também a segurança de serem um para o outro a pessoa mais importante do mundo, uma sensação de conforto e escape da solidão. Ter alguém com quem possamos ser nós mesmos, sem pretensões nem nada a esconder, é um conforto neste mundo apressado, competitivo e corrupto. Ter a certeza de que, independentemente do que seja, o nosso amante não nos abandonará, ajudar-nos-á a resolver os nossos problemas, com empatia e compaixão, encorajar-nos-á quando estivermos preocupados ou desesperados, genuinamente nos apreciará e se regozijará com as nossas realizações - tudo isto são razões para a felicidade. Além disso, se o nosso parceiro for alguém capaz, com sucesso e respeitado, sentir-nos-emos orgulhosos. O amor tem muitos encantos.
O amor romântico nunca seria tão popular se não tivesse tanto a seu favor. Mas tendo vivido os últimos trinta anos como monge celibatário, provavelmente não serei o mais qualificado para explicar sobre as virtudes do amor; terão de ser os meus leitores a fornecer quaisquer outros pontos que aqui não mencionei. Mas após considerarem as coisas boas que o amor pode oferecer, apliquem-nas ao vosso próprio coração: quando tiverem determinado quais são os benefícios do amor, o que recebem ou querem receber do amor, perguntem a vós próprios o quanto destas mesmas coisas dão àqueles que amam, tentando assim melhorar ou corrigir as eventuais falhas que possam existir.
Quais são as coisas que devemos partilhar com aqueles que amamos? Aqui estão umas quantas: alegria, compreensão, empatia, encorajamento, respeito, consideração, confiança, paciência, perdão, ser um bom conselheiro e o melhor dos amigos.
Ao mesmo tempo, se quisermos deles estas mesmas coisas, temos de lhes dizer. Não assumam simplesmente que eles o deveriam saber sem que nunca antes lhes tenha sido dito, porque muitas das coisas que as pessoas deveriam instintivamente saber, não as sabem ou já souberam mas esqueceram.
Não será que faz sentido para aqueles que se amam trabalharem numa comunicação mais clara em vez de recorrerem a um sarcasmo ressentido? Assim tudo será muito mais agradável. De outra forma, aquilo que outrora foi doce pode tornar-se amargo.
O amor romântico chama muito a atenção. Filmes, peças de teatro, novelas, contos de fadas e anúncios, todos eles procuram convencer-nos que este tipo de amor é o pináculo da vida. Uma vida sem amor é protagonizada como sendo imperfeita e trágica. No entanto, se pararmos por alguns instantes e contemplarmos, poderemos verificar que o amor romântico na nossa própria vida, ainda que tenhamos tido a sorte de ter tido a experiência de um amor como nos contos de fadas, nunca é a cura para tudo. Até certo nível o amor pode aliviar algum do sofrimento, mas não erradicá-lo completamente. Nem sequer amar alguém completamente e para toda a eternidade é suficiente.