Armadilha

Uma pessoa pode encontrar paz dentro de si mesma em qualquer situação, qualquer lugar, qualquer circunstância, mas só através do esforço, não através da distração. O mundo oferece distrações e contatos sensuais que são na maioria das vezes muito tentadores. Quanto mais ação houver, mais distraída a mente ficará e menos observaremos o próprio sofrimento. Quando há tempo e oportunidade para a introspecção, descobrimos que a realidade interior é distinta daquilo que tínhamos imaginado. Muitas pessoas desviam o olhar com rapidez, elas não estão interessadas nisso. Não é culpa de ninguém que sofrimento existe. A única cura é a renúncia. Na verdade é bem simples, mas poucas pessoas creem nisso a ponto de colocá-lo em prática.

Existe um conhecido símile da armadilha para macacos. O tipo que é usado na Ásia é um funil de madeira com uma abertura estreita. Na extremidade mais ampla se encontra um doce. O macaco, atraído pelo doce, enfia a pata através da abertura estreita e agarra o doce. No momento de tirar a pata, ele não consegue fazer com que o punho com o doce atravessem a abertura estreita. Ele fica assim aprisionado e o caçador vem e o captura. O macaco não se dá conta que a única coisa que precisa fazer para se libertar é soltar o doce.

Assim é a nossa vida. Uma armadilha, porque queremos uma vida doce e agradável. Como não somos capazes de abrir mão, ficamos aprisionados no ciclo contínuo de felicidade-infelicidade, sobe-desce, esperança-desespero. Ao invés de tentarmos por nós mesmos, para ver se podemos nos soltar e ser livres, resistimos e rejeitamos essa ideia. No entanto, todos estamos de acordo que aquilo que realmente importa é a paz e a felicidade, que só podem existir numa mente e coração livres.